doce mar azul-cobalto dá em samba
é doce morrer no mar
doce diferente das lágrimas, diferente do sal da areia, e até da própria água dos oceanos. doce, mas não como o mel. doce de alívio, de leveza, de um verde-azulado que ninguém consegue copiar, ou salvar. de cura. doce que é forte pra dissolver e recompor almas.
é tão doce morrer no mar que nenhuma modernidade faz esquecer daquela imensidão. e, quando pesa, penso nela. no infinito, no horizonte, de casa. é doce morrer no mar, escreveu caymmi, mas a tristeza é mesmo pé no chão, como cantou clara nunes. nos lábios dos maiores poetas, o mar e a tristeza e o medo se juntam.
como quem molha o pano da cuíca com as lágrimas, o amanhã chega e é quase igual. nem doce nem salgado, igual. se descer alguma serra, a sensação muda. talvez o paladar acorde e o bloco da tristeza, que vale dizer, é tradição, mude pra qualquer cenário que tenha a ver com azul. todo azul que o azul tem.
morrer no mar é doce que preenche, acalanto, abraço.
reza.
inaiá.
de amar vai roendo
e a sedenta falta
— voz baixa, mar alto
em sal convertendo?
Que outra onda mais alta,
maralto metuendo, que um amor sofrendo?
Carlos Drummond de Andrade, Maralto.
reluzir o azul que de tão salgado, é doce. calar, sentir, aguardar. na linha do mar, Clementina, o céu azula e o galo canta. às quatro da manhã.
é doce morrer no mar
“quem me vê sorrir, não há de me ver chorar”.
odoya